Nesta semana, o Brasil prepara-se para a comemoração do ducentésimo primeiro ano da emancipação institucional completa de nossa pátria, em 26 de Gutenberg (7 de Setembro). A primeira após anos de tensão política que levaram ao domínio dos mais espúrios discursos que, infelizmente, desviaram a atenção do público geral da comemoração de 200 anos da Independência. Em tempos tão angustiantes para o mundo e especialmente para nossa pátria, o mais deprimente cinismo acomete a opinião pública como uma terrível praga, continuamente corroendo os laços de solidariedade entre a população. Não é de se estranhar a desilusão que siga de tão severa anomia. Tentar cultivar bons sentimentos parece ser como querer plantar em terra salgada, salgada por uma perspectiva supostamente realista, mas que é em verdade sustentada por sentimentos de tristeza e decepção.
Nesses tempos, em que a tristeza substitui o amor e ainda faz-se política, muitos setores políticos e públicos foram tomados por uma repulsa a pátria, o que não é nada mais que uma repulsa aos laços sentimentais e culturais que promovem a unidade de tantas famílias. Não vêem motivo para amar a si ou a sua cultura, não o vêem pois não puderam exercitar os sentimentos solidários e cívicos, e isso se manifesta em aversão a seu país, suas celebrações, seus valores e seus símbolos, sendo seu culto natural substituído pelo mais severo egoísmo e fetichismo de figuras públicas e de seus absolutos inventados. O positivismo, no entanto, compreende que não há absolutos; se é verdade que a história do Brasil foi uma história bruta e triste e que nossos tempos são contaminados por infecções de egoísmo que deteriora os sentimentos solidários, também são verdadeiras as maravilhas promovidas pelos sentimentos pátrios e pela celebração da história do seu povo, pois na resiliência ante a brutalidade, há glória, na perseverança ante a tristeza, há alegria, e no controle do egoísmo, há a balança mental favorável ao altruísmo. A verdadeira resistência do povo brasileiro, desde os Guararapes até hoje, é motivo de comemoração.
Na sessão sociolátrica do aniversário de 59 anos da Independência, o imortal Raimundo Teixeira Mendes dirigiu um discurso importantíssimo aos positivistas, onde ele discorreu sobre a perspectiva positiva em relação à história brasileira e a Independência, e sobre os principais problemas que a sociedade enfrentava, como o maldito trabalho escravo e o decrépito regime monárquico. Claro, esse discurso foi direcionado a uma época já passada, e portanto é limitado em partes, mas não estagnar no tempo não significar esquecer ou destruir o passado. O valor das palavras de Teixeira Mendes deve ser visto por todos que aceitam a doutrina positiva.O processo de transcrição e preparação do texto para a publicação foi um esforço de coletivo. Vale aqui agradacer a contribuição da Srta. Janice dos Santos, ao Sr. Samuelson Xavier, ao Sr. Fernando Pita, ao casal positivista Sr. Hernani Gomes da Costa e Sra. Sandra Fernandes, pelo importantíssimo papel na transcrição e preparação do texto.
Segue o link para o discurso: drive.google.com/file/d/1TMoHUvcel5WTvUsEZkANAUZ0K7-J1f0g/view?usp=sharing
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