O Ceará tornou-se uma referência nacional e internacional no que tange o desenvolvimento energético. Poucas regiões no Globo terrestre viram suas matrizes de geração de energia elétrica expandirem-se em termos quantitativos e (cada vez mais importante em um mundo que preza pela descarbonização) qualitativos, como ocorreu no Ceará.
O Estado esteve por muitos anos dependente da fonte termelétrica, demasiadamente custosa em termos econômicos e ambientais. Quando não, encontrava-se a mercê do sistema da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco, de geração de fonte hidráulica, produzida em Paulo Afonso na divisa da Bahia com Pernambuco, portanto uma geração alheia ao território cearense.
Foi a partir da adoção das fontes renováveis, em especial a energia eólica, que o Ceará pôde expandir a sua matriz e remediar a dependência energética. O problema da dependência foi debatido desde Virgílio Távora, responsável pela luta política que culminou na eletrificação do Estado com a energia oriunda de Paulo Afonso.
Mas quanto de fato o Ceará expandiu a sua matriz elétrica e quanto dessa matriz a fonte eólica é responsável? Para responder a essa pergunta, este artigo trará os dados dos Balanços Energéticos Nacionais (BEN), publicados anualmente pelo Ministério de Minas e Energia (MME), na figura da Empresa de Pequisa Energética (EPE).
Segundo os BEN, entre 2002 e 2021, a carga instala de geração do Ceará elevou-se de 616 Mega Watts (MW), para mais de 5176 MW, um salto de 740%. Na região nordeste, a título de compração, o aumento foi de 255% (de 12.650 MW em 2002 para 44.951 MW em 2021).
Em 2002, a fonte térmica era responsável por mais de 99% da geração de energia no Estado, com nenhuma participação de fontes eólicas. Aproximadamente 20 anos depois, o Balanço Energético Nacional de 2021 aponta para uma participação de mais de 48% da fonte eólica na matriz elétrica do Ceará (térmica 42% e solar 9,6%). A região Nordeste, por outro lado, no mesmo ano de 2021, registrou uma participação de 41% da fonte eólica na carga instalada de geração.
Expansão da Carga Instalada do Ceará
Fonte: Balanços Energéticos Nacionais 2002 a 2021
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