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TRABALHISMO DIGITAL
TRABALHISMO DIGITAL
O autor argumenta que um Trabalhismo Digital, baseado em plataformas de mídia, deve ser capaz de ouvir seus membros e mobilizá-los em defesa de políticas educacionais investigativas e experimentais. Envolvendo-se em um diálogo com empresas privadas para promoção de quadros de relevâncias coletivas.

O que é Trabalhismo Midiatizado?

Só se salvarão os hereges! No Ceará dividido (PDT vs. PT); no Brasil, racionado (Lulopetistas vs. Bolsonaristas), exprimo que o trabalhismo é a via para a consolidação democrática de um povo historicamente fraturado. A revista Socialist Affairs foi uma sólida base publicística para o que veio a se fortalecer como Social-Democracia. Abordou múltiplos temas, desde teoria política, economia política, história do socialismo e dos movimentos socialistas até a análise de movimentos sociais contemporâneos e estudos comparativos de experiências socialistas em diferentes países e regiões do mundo. Estampou o Brasil na década de 1980, via figura de Brizola, discreto positivista continuador do Trabalhismo que se materializou em 1º de maio de 1943, exatos 80 anos atrás.

 

A heresia não é somente do político e conteria este título “midiatizado” au lieu de “digital”. A ilegível dicção, sem embargo, teria tom excessivo acadêmico. Amoldo o conceito deep mediatization à figuração organizativa e complementar das atuais que abrigam trabalhadoras e trabalhadores. Exprimo alternativa para dialogar um corrente entrave antagônico: a ultraespecialização que a globalização e a tecnologia impõem aos movimentos de base trabalhista. O dilema não é novo. Ventos antinacionalistas rivalizaram com sementes democráticas desde Vargas, o líder nacional-desenvolvimentista. Julgo jamais haver sensatez na posição “antiglobal”, tampouco “antisindical”. Volvo à história e emprego a midiatização do colega Andreas Hepp, da Universidade de Bremen, na Alemanha, quem bem me acomodou quando lancei o software Qualichat. Sucedeu após uma estadia pós-doutoral na Unicamp em 2022, quando cri possível um novo instrumento de pesquisa em grupos de WhatsApp, nacional, gratuito e de código aberto.

 

Atenho-me ao primeiro dos mais de 50 volumes editados pela Internacional Socialista (IS), promotora da Socialist Affairs (1971-2003). Contextualizo uma remota luta e uma fresca oportunidade para o trabalhismo. Viena foi arena de um encontro anual da IS, priorizados nos meses de maio. À época, a utilização de pesquisas como ferramenta para promoção de políticas públicas já era estratagema inquestionável. Cientistas, pesquisadores e membros dos dez partidos afiliados à IS estiveram presentes na assembleia realizada em dezembro de 1970. O tema eleito priorizou a preocupação com a falta de engajamento dos jovens em uma educação política próxima e relevante.

 

O Partido Social-Democrata Alemão (SPD) enfatizou a solução de problemas particulares, tais como a apatia política entre jovens recém-formados, focando, a partir daí, questões investigadas e experimentais para políticas governamentais. O Partido Operário Social-Democrata da Suécia (S&D) logrou sucesso ao publizar os grupos de estudo e cursos centrados em motes do movimento trabalhista nacional. Os participantes, assim, acordaram que seria proveitoso compartilhar opiniões e materiais acerca dos objetivos e métodos pesquisados das iniciativas de educação política. A IS figuraria medium, plataforma assertiva para este intercâmbio. Estabeleceria consultation groups sistemáticos, cá conhecidos como grupos focais, e elaboraria políticas que continuaram a se fortalecer desde então.

 

Datafied Laborism

 

O que digo é: um trabalhismo midiatizado (não midiático), digital (não marketeiro) ou de plataforma (não tuiteiro) terá sentido máximo quando revigorar-se distante da lógica esgrimista do mercado, adjunto, sem embargo, à óptica instrumental das profissões do conhecimento. Se é verdade que a midiatização pode ser resumida como retratos (frames) de “gostos” (relevances) em sinergia com uma constelação de atores que produzem sentido em seus repertórios de mídia; atar o trabalhismo tão-somente alimentando redes sociais, jamais, é crível.

 

A sociedade civil organizada, seja via sindicalismo (trabalhista e patronal) ou associativo, deve voltar-se para uma escuta sucessiva, com meios analíticos inovadores. Devota mobilizar bases, outrora em esquina e praças, em constelação midiática de “iguais”. Obriga-se a ser semeadora de políticas públicas examinadas por “gostos” / “relevâncias” individuais. Singulares e em estâncias de relevâncias coletivas. As firmas possuem papel fundante nisso. Não é sobre eles versus nós: é eles e nós. Verbas privadas cristalizadas em repertórios de valores de marcas (branding) não devem ser utilizadas apenas como mecenato para o Cirque du Soleil.

 

Reunificar os fragmentados Brasis e Cearás é lutar por um projeto consistente e contínuo de educação investigativa (não coaching) e experimental (não empreendedor). Este seria o trabalhismo dadificado. Um trabalhismo que invista em promoção  de habilidades científicas acerca dos vínculos, gostos coletivos. Clama-se facear a economia do conhecimento.

 

Estimular plataformas media que mobilizem políticas de desenvolvimento coletivos e feitores, não somente eleitorais. Um projeto de educação só se torna força motriz produtiva se for “herege universal”. Cito, o professor Unger que crê em um projeto educacional trabalhista onde: “as pessoas sejam aparelhadas e fortalecidas de tal modo que a maneira pela qual recebam seu equipamento educacional e econômico deixe mais amplo o espectro da vida social e econômica aberto à reconfiguração experimental”.

 

O trabalhismo tradicional deve se fazer valer na defesa dos direitos básicos garantidos; sua nova figuração blindará esses direitos ante rebates das oscilações do mercado e descontinuidades políticas. A solução não é excludo político, sim, político inclusus. A pessoa cidadã-política, se estimulada por políticas solidárias unificantes, não secessionistas, se ouvida, não fabricada, terá robustez para mobilizar qualquer sinédrio. 

 

 

 

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